sexta-feira, 29 de junho de 2012

Documentos finais - Rio + 20


Por Sandro Nicodemo

Inicio este texto após retornar do maior evento do qual já tive a oportunidade de participar durante meu trajeto no movimento ambientalista: a RIO+20. O evento acontece após vinte anos a Eco 92, também realizada no Rio de Janeiro, ou ainda, depois de quarenta anos de Estocolmo 72.


Cheguei ao mesmo com a simples expectativa de poder divulgar um pouco do trabalho que realizo e, principalmente, trocar experiências com outros coletivos e/ou pessoas que tivessem algo para oferecer em conhecimento e energias positivas. Também foquei a participação na atividade da Rede Paulista de Agenda 21 Locais, da qual participo. Na bagagem, levei algumas instituições/programas/processos que pude representar no mesmo, sendo eles: Casa de Saúde Santa Marcelina, Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS), Instituto iBiosfera – Conservação & Desenvolvimento Sustentável, Agenda 21 do Grande ABCDMRR e Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz de São Mateus (CONREMAD).


Optei pelo título acima, considerando que cada um dos participantes deve ter feito uma leitura pessoal do mesmo, considerando pontos positivos e negativos, pessoais e coletivos, bons e ruins etc. Assim, tentarei contar um pouco sobre a minha rotina nos dias em que estive no evento, uma espécie de “diário”, aproveitando para realizar uma leitura crítica, quando possível, sobre essa participação e citar os amigos e companheiros que encontrei por lá (os nomes estarão grifados). Muitas informações ainda estão sendo digeridas e talvez ainda não estejam maduras o suficiente para compor este texto.


Primeiro dia - 19/06/2012: todos de malas prontas e super dispostos a participar do maior número de atividades possíveis durante a estadia no Rio de Janeiro. No caminho e durante toda a estadia pelo RJ, lembrei muito do Xiquinho (*05/05/1952 +10/08/2009), meu grande mestre, que me ensinou muito na Holos21! Fomos em cinco pessoas no carro, sendo: eu (Sandro), Angélica, Gisele, André e Paulo (todos colaboradores da APS Santa Marcelina, onde exerço minha atividade remunerada). Saímos cedinho de São Paulo e, após uma viagem bem tranquila (vale destacar o episódio engraçado onde um dos integrantes do grupo trancou a chave do carro no porta-malas, necessitando de um chaveiro para resgatá-la, risos), chegamos ao Rio de Janeiro, com as ruas, passarelas e pé dos morros ocupados pela: guarda civil municipal, polícia militar e exército. Neste cenário se daria a guerra entre as ideias dos governos e sociedade civil. Considerado um território da ONU durante no período do evento, acredito que o Rio de Janeiro nunca esteve tão segura (durante toda a estadia, não soube de um caso sequer de roubo ou violência). As rádios diziam: “Pena que quando a Rio+20 acabar tudo voltará ao normal”. Após a breve passada pelo centro e muitas voltas com a ajuda de um GPS navegado pelo meu amigo Paulo, chegamos ao local onde ficaríamos hospedados: um Castelinho localizado dentro do Colégio Santa Marcelina. Fomos muito bem recebidos pelas Irmãs e, durante toda a estadia, muito bem tratados naquele belo local a quem só temos a agradecer. Lá, encontramos a Samara, nossa amiga e colega de trabalho, que também nos acompanharia nos próximos dias. Nossa hospedagem ficava localizada cerca de quarenta minutos de distância do Aterro do Flamengo, onde acontecia a Cúpula dos Povos, o que nos levava a ir bem cedo para o local e passarmos o dia por lá, retornando somente no final da noite para um bom banho e poucas horas, mas suficiente, de sono. No espaço chamado “Cúpula dos Povos” é o local onde aconteciam as principais atividades como: mobilizações, concentrações e trocas entre a sociedade civil; em contraponto ao encontro dos governantes (presidentes) na Riocentro. Ainda no primeiro dia, após a apropriação da nossa hospedagem, fomos direto para o Centro, aproveitar a noite e fazer o reconhecimento do local. Andamos um pouco pela Cúpula, que ainda estava agitada, apesar do horário noturno, onde já encontrei um camarada do Coletivo Jovem de Meio Ambiente (CJ) e ONG Ecosurfi, João Malavolta, que faria uma atividade por lá envolvendo “Surf e Sustentabilidade”, além de me dizer algo que marcaria meus próximos dias no RJ: “- Essa aqui é a Rio+Anda!”, já antecipando meu cansaço nas andanças dos dias seguintes. Em seguida, partimos em busca de um jantar. Paramos numa pizzaria e descansamos. Enquanto comíamos numa Choperia no bairro da Glória, pude cumprimentar alguns companheiros e amigos andantes: Doroty e Silvia (Rede Paulista de Agenda 21 Locais), Aggnes, Fabrício eRafael (Instituto Triângulo). Comecei a me sentir em casa. Após a pizza, fomos nos encontrar com estes amigos no famoso bairro da Lapa, onde pudemos conversar mais ainda, e encontrar o Elizeu (de Diadema). Com a sensação de missão cumprida para o primeiro dia, voltamos para nosso “Pequeno Castelo” (nome de uma música da banda “O Teatro Mágico”), localizada no Alto da Boa Vista, praticamente dentro do Parque da Tijuca (haja verde e silêncio, uma delícia!). Tomamos um bom banho, dormirmos para acordar cedo no dia seguinte e tomar um café da manhã preparado pelas Irmãs às 7:30, aliás, isso aconteceu durante todos os dias, “para nooooossa alegria”, risos.






Segundo dia - 20/06/2012: Neste dia nosso grupo se dividiu em dois, onde a primeira, formada por mim, André e Samara, fomos para a Cúpula dos Povos, enquanto a outra turma:Angélica, Gisele e Paulo; marcavam presença no Riocentro, participando de algumas palestras nas quais haviam feito inscrição prévia. Encontrei as Gestoras Locais do PAVS pela parceira SPDM: Kelly, Carla, Silvia e Thais, que faziam uma ótima divulgação do Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS) pela Cúpula dos Povos, inclusive com nossa representante Carla participando da RádioRua, oficial da Rio+20! Também encontrei a Gestora Regional do PAVS Norte, Carol. Saímos para almoçar e seguimos direto para o maior evento da Cúpula: a Marcha Global dos Povos! A Marcha começou na Candelária e caminhou por toda a Avenida Rio Branco, chegando à Cinelândia. Fiquei por um tempo ao lado do “Coletivo Palavra”, onde estava minha colega Caren, num batuque hipnotizador, motivador, contínuo, reutilizando materiais diversos (latas de tinta, bombonas plásticas etc). Essa Marcha realmente é bem difícil de se descrever em poucas palavras, as sensações e sentimentos diversos, de união, cumplicidade, reciprocidade, esperança, expectativa, bons fluidos e tantas outras que invadiam meus pensamentos sem cessar. Diversos movimentos sociais com mensagens positivas, de protestos, em busca de justiça sócio-econômico-ambiental, em total sinergia, em apoio mútuo! Tudo isso me fazia acreditar, mais ainda, que eu estava no caminho certo, no lugar certo, na hora certa, com as pessoas certas! Tudo perfeito! Minha história havia me levado até lá! O mundo poderia ter esperança de um futuro melhor, mais saudável, justo, sustentável! À noite, fomos jantar e assistir ao tão esperado jogo do Corinthians X Santos, que empataram em 1 x 1, numa chopperia no bairro Glória: TIMÃO NA FINAL DA TAÇA LIBERTADORES DA AMÉRICA!






Terceiro dia - 21/06/2012: Acordei pensando na atividade principal para o dia: a reunião da Rede Paulista de Agenda 21 Locais! Após fixar o banner do Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz de São Mateus (CONREMAD São Mateus) no espaço da Cúpula dos Povos, ao lado da tenda da CUT, onde aconteceria o encontro. Iniciamos com uma enorme Ciranda da Rede Paulista de Agenda 21 Locais (Nina, Soraya, Edgard, Marcelo, Charles, Marquinho, Cintia, Roque, Flávia e muitos outros agendados). Após a atividade, conheci pessoas especiais do Pará, a professora Socorro e a estudante Daynara, especialistas em implantação de COM-Vidas e Agenda 21 na Escola. Em seguida, fui almoçar com meu amigo Edgard no bairro do Catete, onde pudemos colocar o papo em dia. Retornei sozinho para a Cúpula e aproveitei para caminhar entre as tendas de artesanato, onde ainda não havia transitado, e comprar algumas lembrancinhas para o bebê e para a Jú, minha noiva. Após o reencontro com a turma, fomos jantar com: Bárbara, Marta, Cláudia, Luiz Afonso, Guilermo, na mesma chopperia do dia anterior, no bairro Glória. Neste dia voltamos cedo pra casa, estávamos muito cansados dos primeiros dias.






Quarto dia - 22/06/2012: Queríamos visitar a exposição no museu sobre reciclagem (Humanidade 2012), montada no Forte de Copacabana, mas parte do grupo desanimou com o tamanho da fila (com 4 horas de duração), e optamos, eu, Paulo e Angélica, por conhecer outras coisas por lá. Andamos de bike do Itaú pelo valor diário de R$ 5,00, onde conhecemos a praia de ponta a ponta (entre os Fortes) e depois caminhei sozinho por outras ruas, conhecendo lojas especializadas em turistas (vendem bonecos das profissões: BOP, Polícia Civil e petroleiros, risos). Após nos encontrarmos com os demais integrantes do grupo, propusemos o retorno para casa assim que chegássemos ao Castelinho, e todos concordaram. Eu já estava com muita saudade de casa, da Jú e do futuro bebê (ainda, somente uma barriga, risos). Nos despedimos e agrademos muito as Irmãs pelo acolhimento e saímos do Castelinho do Colégio Santa Marcelina às 20h. Cheguei em casa, após algumas paradas na viagem e entrega dos meus amigos em suas casas, por volta das 5h, são e salvo!


Assim como os governantes e povos organizaram suas agendas, resolvi estipular abaixo os compromissos pessoais com os quais devo cumprir, fazendo a minha parte dentro do sistema:


FAMÍLIA...


- Dedicação à educação do Vinícius, meu filhão, que chegará em Agosto;


- Maior atenção à família (pais, avó, irmã, tios, primos);


POLÍTICA...


- Maior envolvimento político em Santo André, cidade onde moro, buscando a implantação da Agenda 21 de Santo André e o fortalecendo a candidatura a vereador do meu amigo Fabrício;


- Participação e fortalecimento da Rede Paulista de Agenda 21 Locais, contribuindo na organização do II Encontro da Rede Paulista de Agenda 21 Locais;


- Acompanhamento do Fórum Social do ABCDMRR, retomada da articulação com a Agenda 21 do Grande ABCDMRR, divulgação do Programa Cidades Sustentáveis nas cidades do ABCDMRR;


- Contribuir no Instituto iBiosfera mobilizado com a saúde administrativo/financeira em ordem;


- Estudar sobre Socialismo e partidos políticos socialistas, por imaginar que seja uma tendência mundial;


- Escolher bem os próximos candidatos, conhecendo suas propostas e acompanhando os respectivos mandatos;


PROFISSIONAL...


- Direcionar, cada vez mais, os trabalhos do PAVS em São Mateus para o envolvimento da comunidade com o programa;


- Participar com maior dedicação do CONREMAD São Mateus, organizar o plano de trabalho e buscar o envolvimento de mais pessoas para fortalecê-lo;


- Planejar um projeto de mestrado na área de Saúde Ambiental;


CORPO...


- Praticar mais esporte (futebol, corrida, bike, natação, triathlon);


- Reduzir o consumo de carne, visando o vegetarianismo.


MENTE...


- Ler mais livros sobre Saúde Ambiental e assuntos diversos;


- Aprender Esperanto (idioma universal);


ESPÍRITO...


- Criar momentos de meditação durante o dia;


- Conhecer e me aproximar mais sobre da religião Hare Krishna.





E essa foi a minha Rio+20! Desculpem-me pelos esquecimentos, mas é tudo que tenho para o presente.

sábado, 23 de junho de 2012

Chegaremos ao Rio + 30?





Rio+20 mostra que caminho passa pelo empresariado, diz ambientalista

Marcio Astrini, do Greenpeace, afirma que Rio+20 deixou evidente que falta de líderes fortes deixa transformação para a economia verde na mão de empresários

Maria Fernanda Ziegle
O documento “O futuro que queremos” aprovado nesta sexta-feira (22) na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi taxado de fraco e de acordo com organizações da sociedade civil, não indica soluções para os problemas do mundo, apenas posterga.
De acordo com Marcio Astrini, coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace, a falta de comprometimento dos líderes globais mostra que o caminho para uma economia verde vai depender das pessoas e das empresas e não dos líderes. “Faltou comprometimento. A negociação do texto consistiu em cortar dificuldades e postergar soluções. Fazendo isso, conseguiram reduzir rapidamente o documento de cerca de 200 páginas para menos de 50”, disse ao iG.
Para ele, a boa notícia da Rio+20 está nos inúmeros acordos firmados entre empresários, no Fórum de Sustentabilidade Empresarial, evento paralelo à Rio+20. “Foi lá, entre os empresários, que realmente vimos mais resultados. Enquanto que na reunião com os chefes de Estado, nada foi discutido ou questionado”, disse. Astrini comentou que o mundo tem um problema grande demais para líderes tão pequenos.
Rubens Born, do Instituto Vitae Civilis, concorda que há falta de liderança para um mundo que precisa mudar urgentemente, seja na forma de consumir, produzir ou pensar. “O texto não traz metas nem financiamento para o desenvolvimento sustentável, ele apenas chuta tudo pra frente. Se dependermos dos chefes de estados, as coisas vão continuar sendo postergadas como foram na Rio+20”, disse.
Born acredita, no entanto, que a Rio+20 reacende a mobilização na sociedade civil para o tema da sustentabilidade, que andava fazia um tempo apagada. “Mesmo assim, acho que há um descompasso muito grande, enquanto destinam 3 trilhões de dólares para salvar a crise econômica, não conseguem instituir um fundo de 30 bilhões de dólares para salvar todo o mundo”, disse.

Conheça os principais pontos do documento da Rio+20

Veja os compromissos firmados pelos chefes de Estado na Conferência da ONU de Desenvolvimento Sustentável.

Natasha Madov enviada ao Rio de Janeiro


Líderes mundiais encerram no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (22) a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, assinando uma declaração que se pauta pelo mínimo denominador comum.
O documento, considerado fraco pela sociedade civil, não traz metas nem prazos, mas uma série de adiamentos e pedidos de estudos. O texto diz que os padrões de consumo precisam mudar, mas não afirma como isso vai acontecer -- em vez de disso, diz que os países vão estudar o assunto. Em vez de estabelecer um fundo de financiamento para ajudar os países menos desenvolvidos, afirma que será estudada uma maneira de arrecadar dinheiro de fontes diversas -- em outras palavras, vão passar o chapéu e ver quanto dinheiro conseguem.


Veja a cobertura completa da Rio+20 
O governo brasileiro, líder das negociações, afirma que o documento foi uma vitória diplomática, e que era o "acordo possível". Por diversas vezes, durante a conferência, a delegação brasileira afirmou que as conversas entre os países estavam difíceis, e haviam vários pontos de desacordo.
Veja abaixo alguns dos pontos da declaração final e o que os chefes de Estados estão se comprometendo a fazer:
  
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Esperava-se que a Rio+20 forjasse metas em áreas centrais, como segurança alimentar, água e energia. Mas havia poucas expectativas de que produzisse um conjunto definido de medidas mandatórias com prazos porque os políticos estão mais preocupados com a crise financeira mundial e a agitação no Oriente Médio.
O acordo propôs o lançamento de um processo para se chegar a um acordo sobre Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que provavelmente vão se basear e se sobrepor à atual rodada de objetivos conhecidos como Metas de Desenvolvimento do Milênio, que membros da ONU concordaram em buscar até pelo menos 2015.
"Resolvemos estabelecer um processo intergovernamental inclusivo e transparente sobre as ODSs que está aberto a todos os interessados, com vista a desenvolver os objetivos de desenvolvimento sustentável global a ser acordado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro", diz o texto.
Os objetivos também devem ser coerentes e integrados à Agenda de Desenvolvimento da ONU depois de 2015, diz o acordo.
Um grupo de trabalho com 30 integrantes decidirá um plano de trabalho e apresentará uma proposta para os ODSs à Assembleia Geral da ONU em setembro de 2013.
Subsídios a combustíveis fósseis
Também se esperava que a Rio+20 pudesse definir um compromisso para todos os países para eliminar subsídios aos combustíveis fósseis.
A eliminação gradual de subsídios para combustíveis fósseis até 2020 iria reduzir a demanda de energia global em 5 por cento e as emissões de dióxido de carbono em quase 6 por cento, segundo a Agência Internacional de Energia.
Em 2009, líderes do G20 concordaram em fazer isso em princípio, mas não foi estabelecido um prazo. Um encontro do G20 no México que terminou na terça-feira (19) também fracassou em definir a ideia.
O texto da Rio+20 reafirmou compromissos anteriores de países de "eliminar gradualmente subsídios a combustíveis fósseis ineficazes e prejudiciais que encorajam o desperdício".
Mas não chegou a reforçar o compromisso voluntário com prazos ou mais detalhes, o que frustrou alguns grupos ambientalistas e empresariais.
Oceanos
O texto se comprometeu a "tomar medidas para reduzir a incidência e os impactos da poluição nos ecossistemas marinhos, inclusive através da implementação efetiva de convenções relevantes adotadas no âmbito da Organização Marítima Internacional".
Também propôs que os países ajam até 2025 para alcançar "reduções significativas" em destroços marinhos para evitar danos ao ambiente marinho, e se comprometeu a adotar medidas para evitar a introdução de espécies marinhas estranhas invasoras e administrar seus impactos ambientais adversos.
Também reiterou uma necessidade de trabalhar mais para prevenir a acidificação do oceano.
No entanto, uma decisão muito esperada sobre uma estrutura de governo para águas internacionais, em especial em relação à proteção da biodiversidade, foi adiada por alguns anos.
Estados Unidos, Canadá, Rússia e Venezuela se opuseram a uma linguagem forte para implementá-la, disseram os observadores.
Responsabilidades comuns, porém diferenciadas
Um dos pilares do documento da Eco92 foi o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, que norteia acordos posteriores, como o Protocolo de Kyoto. Seu fundamento é que todos os países são responsáveis, mas quem polui mais (os países mais ricos), deveria combater o problema com mais força e financiar os esforços de quem polui menos (os países mais pobres) e norteia também a questão do financiamentos.
Apesar de esforços de países (como os EUA) para tirar esse conceito do texto final, alegando que o eixo econômico mundial mudou e alguns países, antes considerados em desenvolvimento, hoje poluem tanto quanto os desenvolvidos, numa indireta à China. Apesar da tentativa, o princípio foi mantido.
Financiamento
O acordo pediu um novo processo intergovernamental para produzir um relatório que avalie quanto dinheiro é necessário para o desenvolvimento sustentável, e quais instrumentos novos e existentes podem ser utilizados para levantar mais fundos.
O processo será liderado por um grupo de 30 especialistas, que concluirá seu trabalho até 2014.
Embora alguns países em desenvolvimento tenham pedido a criação de um fundo de desenvolvimento sustentável de 30 bilhões de dólares, a proposta não entrou no texto final. Em vez disso, o texto "reconhece a necessidade de mobilização significativa de recursos de várias fontes".
Sobre o auxílio financeiro aos países em desenvolvimento, o acordo insta os países ricos a fazerem "esforços concretos" para cumprirem a meta acordada anteriormente de 0,7 por cento de ajuda do Produto Interno Bruto para ajudar os países em desenvolvimento até 2015.
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma)
Outro resultado da cúpula foi reforçar o Pnuma --programa internacional que coordena as atividades ambientais da ONU -- em uma agência com poderes iguais a outros órgãos da ONU, como a Organização Mundial da Saúde.
Esta foi uma das grandes polêmicas das negociações. Muitos países, como os africanos e europeus, apoiavam a iniciativa de transformação do Pnuma numa agência com mais poder e autonomia, enquanto outros, inclusive o Brasil, não apoiavam a ideia.
O acordo propôs que uma reunião geral da ONU em setembro adote uma resolução "reforçando e aprimorando" o Pnuma. Propôs dar ao Pnuma "recursos adequados, estáveis, seguros e financeiros crescentes" do orçamento das Nações Unidas e de contribuições voluntárias para ajudá-la a cumprir sua missão.
Economia Verde
Um dos principais temas da conferência foi o conceito de uma "economia verde", ou melhorar o bem-estar humano e a equidade social enquanto se reduz os riscos ambientais, que poderia ser um caminho comum para o desenvolvimento sustentável.
O acordo reafirmou que cada país poderia seguir seu próprio caminho para alcançar uma "economia verde". O texto dizia que poderia fornecer opções para a tomada de decisões políticas, mas que não deveria ser "um conjunto rígido de regras".
Um novo índice para a riqueza
Outro tópico da cúpula foi garantir que a contabilidade de governos e empresas reflitam lucros e prejuízos ambientais. O Produto Interno Bruto (PIB) sozinho não é mais capaz de avaliar a riqueza de um país, por medir apenas a atividade econômica, mas não a qualidade de vida de seus cidadãos ou seus recursos naturais.
O texto reconheceu a necessidade de "medidas mais amplas de progresso" para complementar o PIB para melhor informar as decisões políticas. Pediu à Comissão Estatística da ONU que lance um programa de trabalho para se desenvolver sobre as iniciativas existentes.
(Com informações da Reuters)

Rio+20 é oficialmente encerrada com defesas do documento final

Dilma Rousseff reforça que discussão da erradicação da pobreza é maior legado da conferência da ONU

Valmir Moratelli iG Rio de Janeiro 

Em discurso realizado na plenária da ONU no Riocentro na noite desta sexta-feira (22), o secretário-geral da Rio+20, Sha Zukan, falou sobre o legado deixado pela conferência. “Foi construído um grande legado sobre o futuro que queremos. Os líderes do mundo fizeram no Rio uma estrutura de ações. Juntos, devemos ter muito orgulho dos resultados obtidos através de extraordinária liderança do Brasil. Que o espírito do Rio esteja com todos para sempre”.
Em seguida, foi a vez do secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. “Foi uma conferência exitosa, reforçando metas com o mundo sustentável. O documento final adotado fornece uma posição firme para nos orientar para uma sociedade sustentável”.
Por fim, a presidenta Dilma Rousseff repetiu o tom do discurso feito momentos antes a uma coletiva com alguns jornalistas. “O Brasil se orgulha de ter organizado a mais participativa conferência da história. O documento final é produto da ambição coletiva dos países que participaram dessa conferência. O documento não é um retrocesso em relação ao que foi firmado na Rio92 ou em relação a textos das demais conferências”, disse.
Dilma falou ainda a respeito do que considera o cerne principal do texto final dessa conferência. “Avançamos sobre o desenvolvimento sustentável, lançando a agenda do século 21. Trouxemos para o centro do debate a erradicação da pobreza. A Rio+20 não é o teto do nosso avanço. É o início de uma caminhada para construirmos uma sociedade sustentável”, disse a presidenta, visivelmente emocionada, encerrando a Rio+20.
Ban Ki-moon a cumprimentou e lhe deu de presente o martelo que, de forma simbólica, representa o desfecho official da Conferência da ONU.