quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Quem se Beneficia com a Devastação da Amazônia Seminário de Apresentação do 2º. Estudo Conexões Sustentáveis: São Paulo-Amazônia

Quem se Beneficia com a Devastação da Amazônia
Seminário de Apresentação do 2º. Estudo Conexões Sustentáveis: São
Paulo-Amazônia

O novo rastreamento das cadeias produtivas da pecuária, da soja e da
madeira mostra que grandes empresas sediadas em São Paulo continuam a
financiar a devastação da Floresta Amazônica. Ao fazer negócios com
fornecedores envolvidos em crimes ambientais e trabalhistas, tais empresas
contribuem para a manutenção de relações comerciais predatórias e que não
levam em conta a legislação e as práticas socialmente responsáveis.

Essas informações estão no 2º. Estudo Conexões Sustentáveis: São
Paulo-Amazônia, realizado pela Repórter Brasil e Papel Social
Comunicação, por meio do projeto Conexões
Sustentáveis,
que será lançado durante seminário a ser realizado no dia 23 de fevereiro
de 2011, no auditório do SESC Vila Mariana, em São Paulo (SP).

O estudo revela a situação atual do desmatamento e do trabalho escravo na
região amazônica, as conexões dessas práticas com os negócios na cidade de
São Paulo e esquemas criminosos de esquentamento de madeira ilegal que
envolvem a corrupção em órgãos públicos.

Além de trazer a público o estudo, o seminário tem como objetivo mobilizar
as empresas não signatárias para adesão aos Pactos da Madeira, Soja e
Pecuária, assim como estimular as já signatárias mapeadas no estudo a
intensificar suas ações para o cumprimento dos compromissos.

A apresentação desse trabalho será feita por Leonardo Sakamoto, da
Repórter Brasil, e por Marques Casara, da Papel Social Comunicação. Em
seguida, haverá uma palestra sobre as conclusões do estudo, que será feita
por Valmir Ortega, diretor do Programa Cerrado-Pantanal, da Conservação
Internacional do Brasil, e contará com os debatedores Eduardo Jorge,
secretário do Verde e Meio Ambiente da cidade de São Paulo, e Roberto
Smeraldi, diretor da Amigos da Terra.


Seminário de Apresentação do 2º. Estudo Conexões Sustentáveis: São
Paulo-Amazônia

Data: 23 de fevereiro de 2011

Horário: Das 9h00 às 17h00
Local: Auditório do Sesc Vila Mariana
Endereço: Rua Pelotas, 141 - São Paulo

Para fazer sua inscrição, .">clique
aqui
.">.

Secretaria Executiva da
Rede Nossa São Paulo
WWW.nossasaopaulo.org.br

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Secretaria de Meio Ambiente apresenta minuta sobre qualidade do solo e áreas contaminadas

Documento ficará disponível para consulta pública por 40 dias

Nesta quarta-feira (2), a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SMA) estiveram à frente de evento a fim de apresentar a diversos setores a minuta de regulamentação da Lei Estadual nº 13.577/2009.

A Lei contempla as diretrizes e os procedimentos para a proteção da qualidade do solo e gerenciamento de áreas contaminadas.

A minuta estará disponível para consulta pública por um prazo de 40 dias. Nesse período, os setores interessados poderão enviar críticas e sugestões à Cetesb no intuito de aperfeiçoar o documento.

Na agenda da Cetesb, um futuro workshop para discussão dessas contribuições.

Para saber mais, acesse aqui a minuta.

http://www.cetesb.sp.gov.br/media/files/consulta-publica/decreto-lei-areas-contaminadas.pdf

Solange Sólon Borges, Agência Indusnet Fiesp
http://www.fiesp.com.br/agencianoticias/2011/02/03/secret_meio_ambiente_qualidade_solo_contaminacao.ntc

Generosidade: o quarto elemento do triple bottom line

Já não restam dúvidas científicas de que o desenvolvimento sustentável é o único modelo capaz de evitar a degradação em velocidade geométrica das condições de vida e finalmente a inevitável extinção de várias espécies de flora e fauna do Planeta, entre as quais provavelmente a do Homo Sapiens.

Sabemos que para buscar a sustentabilidade uma pessoa ou organização deve adotar como padrão de comportamento ou gestão ser ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável - o “triple bottom line”, conceito formulado pelo britânico John Elkington. Sabemos também que a busca pela sustentabilidade é uma caminhada que deve ser trilhada com início urgente, imediato, mas final inexistente.

Então o que faz uma pessoa, um cidadão, mobilizar-se pelo assunto ou uma empresa adotar a sustentabilidade no universo corporativo? Não sou filósofo, mas entendo que fundamentalmente a diferença está numa qualidade humana chamada “Generosidade” - e que a Generosidade é o quarto elemento do “triple bottom line”.

Generosidade é a qualidade do que é generoso, pródigo, do que perdoa facilmente, nobre, leal; a virtude de quem acrescenta algo ao próximo. Generosos são tanto as pessoas que se sentem bem em dividir algo com mais pessoas porque isso fará com que se sintam bem (num contexto egocêntrico), tanto quanto aquelas que dividirão bens tangíveis ou intangíveis com outros, sem a necessidade de receber algo em troca. É o contrário da “Ganância”. E isto se aplica quase que literalmente para organizações, porque por trás delas sempre estão gestores humanos.

No livro “Princípios de Filosofia” René Descartes apresenta a generosidade como “uma despertadora do real valor do Eu” e ao mesmo tempo uma mediadora para que “a vontade se disponha a aceitar o concurso do entendimento”. É filosófico, sim, mas é simples: a generosidade é uma qualidade de quem coloca os interesses de terceiros no mesmo plano dos seus interesses pessoais, para resolver um problema ou dilema que atinge a todos, que busca o entendimento. Não é exatamente disto que uma sociedade sustentável necessita?

No campo do Direito isto se chama “interesses difusos” – e como sabemos, os interesses difusos - aqueles de interesse do conjunto da sociedade - são constitucionalmente inalienáveis. Trocando em miúdos, a Generosidade deveria ser um dos fundamentos da sociedade brasileira, até mesmo pelo que está escrito em nossa Constituição. E a Ganância, o oposto da Generosidade, deveria ser execrada porque ofende direitos constitucionais coletivos.

No mundo corporativo Generosidade pode ser traduzida como uma forma de altruísmo – e aqui está a razão do porque poucas empresas realmente adotam a sustentabilidade no processo de gestão: altruísmo não combina com capitalismo selvagem, com a famosa “Lei de Gerson”, aquela de que se deve levar vantagem em tudo. No mundo corporativo Generosidade significa uma empresa tomar a decisão de reduzir um pouquinho a margem de lucro ou aumentar em alguns meses o prazo de retorno de um investimento para ser ambientalmente correta e socialmente justa – sem deixar de ser economicamente viável.

Significa ter a coragem para contrariar práticas de gestão, regras de mercado, de design de produtos e de formas de concorrência estabelecidas por força de um modelo de crescimento a qualquer custo que já se demonstrou completamente inviável do ponto de vista de recursos naturais e de felicidade humana. A Generosidade é o que diferencia uma empresa que adota critérios de sustentabilidade no modelo de gestão daquelas que dizem que o fazem, mas deslizam na superficialidade ou praticam o greenwashing, a maquiagem verde.

Generosidade corporativa significa também compartilhar gratuitamente seu aprendizado, seu conhecimento, suas patentes, sua força e seus recursos em nome de interesses que ultrapassam os limites da empresa. O jornalista Dal Marcondes, da Envolverde, costuma dizer que filantropia é dar um peixe a quem tem fome, responsabilidade social é ensinar a pescar e sustentabilidade é preservar o rio. Pois no contexto da Generosidade corporativa este compartilhamento é estar na nascente do rio e compreender a importância de seu fluxo e entorno até a foz e além – é perceber o que de fato importa para possam continuar existindo peixes.

Generosidade corporativa é perceber o problema de emissões de Gases de Efeito Estufa não apenas como um volume de particulados em suas chaminés, mas como um assunto de interesse coletivo – e ir além de metas de redução. Generosidade corporativa é compreender que não basta fazer o seu papel, é preciso mobilizar seus parceiros de negócios – e para isso poderá ser necessário ceder em aspectos antes inegociáveis. Mas a Generosidade corporativa também oferece vantagens e oportunidades de negócios. Alguns exemplos, já clássicos:

• A Danone francesa se associou a cooperativas de trabalhadores e ao Grameen Bank para implantar em Bangladesh 50 fábricas de iogurte de baixo custo. Com isso está atendendo crianças subnutridas com redução de custos fixos na implantação de fábricas e custos de produção, porque os funcionários são sócios e consumidores. A BASF fez um projeto parecido, para a produção de mosquiteiros de baixo custo com essências de proteção. Marketing? Sim, e inteligente, porque o modelo só funciona se houver redução da margem de lucro – uma opção generosa para conquistar mercado

• No começo dos anos 2000 a Sadia investiu na construção de dezenas de biodigestores nas propriedades de pequenos produtores de suínos. E porque ela fez isto se não está no ramo de produção de energia? Porque com esta iniciativa passou a evitar dezenas (talvez centenas) de multas pela contaminação do solo com os resíduos da criação, reduziu os custos dos produtores que passaram a gerar sua própria energia elétrica, agregou valor à atividade para fixar os filhos dos produtores no campo, perpetuando o fornecimento de matéria-prima – e ainda gerou créditos de carbono! Puro negócio? Sim, mas a generosidade está em investir “dinheiro bom” em uma idéia coletiva, com prazo longo de recuperação

• Evoluindo aos poucos durante os anos 90, a Interfaceflor, empresa norte-americana fabricante de tapetes, já está fabricando produtos com 100% de fibras recicladas a partir dos tapetes velhos de seus clientes. Ao fazer isto percebeu uma ótima oportunidade. Como tapete é artigo de decoração e sai de moda, a empresa mudou o modelo de negócio: está propondo que seus clientes não comprem seus tapetes – e como num processo de “leasing” de automóveis, as famílias podem ficar com o produto ou trocar por outro, ao fim do pagamento. Coragem para mudar exige generosidade

Na linha do tempo da história a Generosidade é um dos traços da personalidade de pessoas que trouxeram benefícios universais para a Humanidade como Mahatma Gandhi, Buda, Jesus Cristo, Nelson Mandela, Martin Luther King, Wangari Maathai, Muhammad Yunus, Madre Teresa de Calcutá e outros - mas também aparece em pequenos gestos de pessoas comuns em nosso dia-a-dia, e que merecem ser elogiados e replicados.

Se lhe parece complicado entender a importância da Generosidade como parte da essência da sustentabilidade, basta pensar no seu oposto, a Ganância. Com certeza você vai concordar comigo que a Generosidade realmente é o quarto elemento do triple bottom line.

*Rogerio Ruschel é jornalista, editor da revista eletrônica “Business do Bem – Economia, Negócios e Sustentabilidade”.

(Envolverde/ECO 21)