quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Prefeitura vai mudar Ceagesp da zona oeste


Administração municipal propôs mudança no zoneamento da área para possibilitar a mudança. Cidade será convidada a discutir novas possibilidades de uso


O prefeito Fernando Haddad afirmou nesta segunda-feira (13) que a administração municipal e o governo federal estudam transferir a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), da Vila Leopoldina, na zona oeste da cidade, para outro local, dentro do município e integrado com o Rodoanel. Considerado o maior entreposto comercial da América Latina em volume de vendas, a Ceagesp é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Agricultura. Para possibilitar a transferência, a Prefeitura de São Paulo propôs a mudança de zoneamento da área, hoje destinada a atividades industriais, para uma zona de ocupação especial (ZOE). A Ceagesp emitiu nota sobre o assunto. Leia abaixo.

“Nós estamos em negociação tanto com o governo federal quanto com setores da iniciativa privada para estudar o deslocamento do nosso centro de abastecimento da Marginal Pinheiros. A ideia é utilizar aquela área de forma mais nobre. É uma área importante para a cidade, um entroncamento que tem transporte coletivo, inclusive sobre trilhos”, afirmou Haddad.

zoneamento da capital está atualmente sendo revisto por meio de um processo participativo. De acordo com a proposta anunciada nesta manhã, a área da Ceagesp deixaria de ser uma zona predominantemente industrial (ZPI) e passaria a ser uma zona especial. As ZOEs são áreas destinadas a abrigar atividades que, por suas características únicas, necessitam de tratamento especial, em termos de coeficiente de aproveitamento mínimo, básico e máximo, bem como dos demais parâmetros de dimensionamento e ocupação dos lotes. Na cidade, áreas como Aeroporto de Congonhas, os campi da Universidade de São Paulo e o Sambódromo são atualmente ZOEs.

A transferência do centro de abastecimento para outra área será discutida com a comunidade do entorno e com os comerciantes e produtores que atuam no Ceagesp. “A nossa ideia é manter a Ceagesp na cidade. Para isso, estamos desenvolvendo um estudo de áreas próximas ao Rodoanel, que seria utilizado como anel de distribuição de produtos hortifrutigranjeiros. A área é da União, então a nossa ideia é de uma parceria tripartite - município com a mudança do zoneamento, União com a terra e a iniciativa privada que entregaria para a cidade um novo Ceagesp e se beneficiaria de uma parte da intervenção urbana”, afirmou Haddad.

Caso o debate decida pela transferência da Ceagesp para outro local da cidade, a área poderá servir para uso misto, com parque, habitação e criação de um polo de desenvolvimento econômico e geração de empregos. De acordo com o prefeito, o novo centro de distribuição será instalado em um local que favoreça a logística do abastecimento, enquanto a área na Vila Leopoldina será reestruturada para favorecer a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico da região.

NOTA OFICIAL - 13/10/2014 - CEAGESP  
Imprensa
“Diante do anúncio da proposta da Prefeitura de São Paulo, em mudar o zoneamento na região onde está sediada a Ceagesp, a direção da Companhia informa que está discutindo com a administração municipal, assim como as demais instâncias de governo (a Ceagesp é vinculada ao Ministério da Agricultura e Agropecuária) a sua permanência, ou não, na Vila Leopoldina.
É possível adiantar que há consenso sobre a necessidade de mudança do entreposto, tanto que estudo da Fipe, encomendado pela direção da Ceagesp, aponta para possíveis alternativas para o futuro do mercado atacadista.
Ressalte-se, no entanto, que qualquer mudança deve levar em conta questões como nova localização, ocupação do atual espaço físico onde encontra o entreposto e condições econômicas para uma eventual mudança.
Além disso, é importante registrar que a Ceagesp ainda encontra-se em processo de exclusão do Plano Nacional de Desestatização (PND) cuja efetivação é decisiva para qualquer mudança de localização da Companhia. A retirada da Ceagesp do PND vai proporcionar as condições legais e administrativas para a Companhia negociar da melhor maneira possível sua mudança de local, inclusive com possíveis representantes do setor privado interessados em investir na atual área da Ceagesp.
Por fim, a Ceagesp, assim como já vem fazendo desde que surgiram as primeiras especulações sobre sua permanência na Vila Leopoldina, reitera sua disposição em dialogar com todos os setores envolvidos, tanto os governamentais quanto os da sociedade civil, para encontrar o melhor caminho para solucionar a questão dentro dos preceitos legais”.




Secom – Coordenação de Imprensa

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Falta d'água e de gestão, choque para quem vive em São Paulo



Paulo Fiorilo*


São Paulo vive uma crise sem precedentes no sistema de abastecimento de água. O racionamento, que já é realidade para muitos paulistanos, é sistematicamente negado pelo Governo do Estado e pela Sabesp. Por esses motivos, é muito oportuna a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada na Câmara Municipal de São Paulo com o objetivo de apurar o cumprimento do contrato que a Prefeitura possui com o órgão estadual para fornecimento de água.

É obrigação dos vereadores atuar em favor da população, ao propor não só leis e iniciativas que visam o planejamento da cidade, como também buscando jogar luz sobre as deficiências dos serviços públicos.

A gestão dos mananciais pela Sabesp e o Governo do Estado parece estar na raiz do problema: vide a “secura” no sistema Cantareira e o questionado uso de seu volume morto, a frequente proliferação de algas no reservatório Rio Grande e o caso do braço do rio Taiaçupeba, em que o governo preferiu investir em uma estrada, para atender a 200 pessoas, em ação proposta por deputado aliado, do DEM, em Suzano, a fazer a ampliação do uso desse braço para atenuar a crise da água.

As discussões envolvendo o Governo de São Paulo, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e o Rio de Janeiro são também componentes desta crise, já que o governo Alckmin represa mais água do que deveria, sem contudo admitir que vive situação emergencial, e ainda colocando em risco o sistema elétrico do País.

Atento à crise da água, protocolei junto à Agência Reguladora dos Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) um pedido de informações sobre as interrupções do serviço do fornecimento de água informadas pela Sabesp junto ao órgão, uma obrigação legal. O resultado dessa consulta foi quase surreal: apenas nove cortes foram informados ao órgão nos últimos seis meses. Ora, quem vive em São Paulo sabe que essa informação está longe de ser verdadeira.

A água é cortada com frequência, sobretudo em bairros da periferia de São Paulo. Se há dissimulação quanto a isso, iniciativas na internet e o saudável processo colaborativo de compartilhar informações apontam os problemas, como é o caso do site www.faltouagua.com, alimentado pelos moradores da cidade para indicar onde a Sabesp corta o fornecimento.

A Sabesp orgulha-se de afirmar que tem ações no mercado de capitais e figura na lista de empresas na Bolsa de Nova York há mais de dez anos, além de distribuir importantes dividendos a acionistas da empresa. Esse tipo de gestão para um serviço público essencial, como é o caso da água e esgoto, está longe do ideal, isso fica claro.

E a tendência de privatizar serviços públicos, uma política comum nas ações do Governo de São Paulo, não tem bons resultados quando se observa a Sabesp. Por exemplo, o sistema produtor São Lourenço, destinado ao fornecimento de água para a Grande São Paulo e que poderia atenuar a crise, só sai do papel agora, com atraso, após dois anos de negociação com o setor privado. O motivo? Que este encontrasse condições mais favoráveis à aplicação do seu capital.

Também é importante que se observem denúncias que precisam de apuração, como a suposta formação de cartel entre empresas que forneceram para a Sabesp no programa de redução de perdas da companhia, entre os anos de 2008 e 2012. Denúncia anônima de um ex-funcionário apontou para a existência de conluio entre esses fornecedores.

O PT, que está ao lado da população de São Paulo, vai atuar de maneira ativa na CPI da Sabesp na Câmara Municipal. Vamos apurar a real situação da crise da água na nossa cidade e propor soluções para o problema, que afeta de verdade a vida dos paulistanos.

* Paulo Fiorilo, 50 anos, é vereador e presidente do Diretório Municipal do PT.


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Nicolas Tamasauskas
11. 99310-1201